segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

[ELAOPA] Unir o disperso, fazer continental a luta

O VII Encontro Latino-Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA) ocorre esse ano em Buenos Aires (ARG) entre os dias 27 de fevereiro e 1 de Março. Abaixo um pouco da perspectiva que toma o ELAOPA para a contrução e fortalecimento das lutas na América Latina.

IDÉIAS FORÇA PARA A CONSTRUÇÃO DE PODER POPULAR

Horizontalidade: Sobre a base da igualdade na discussão e a tomada de decisão.

Democracia direta e federalismo: Participação direta na resolução dos problemas que lhe afetam diretamente sem intermediários nem cúpulas dirigentes. Tomando o federalismo como estrutura de funcionamento de baixo para cima e não de cima para baixo.

Autogestão: Não reduzido ao autofinanciamento das lutas, senão que a construção de alternativas que representem modelos reais da sociedade que se quer construir.

Ação direta: Como gestão direta dos próprios envolvidos nos assuntos que a eles mesmos lhes afetam em defesa de seus próprios interesses, incorporando também na ação direta a autodefesa do povo frente a suas conquistas.

Independência de classe e autonomia: Independência frente ao inimigo de classe e autonomia a respeito dos partidos políticos, igreja, estados e ONGs.

Antagonismo de classe: Apontar a uma identidade antagônica a classe dominante, recompondo uma cultura contraposta a esta.

Apoio mútuo: Potencialização de valores como solidariedade, fraternidade, companheirismo.

Compromisso militante: Disciplina e responsabilidade política.

EIXOS PROGRAMÁTICOS DE PODER POPULAR

Organizar o desorganizado: Criando âmbitos de participação para os setores que tem sido marginalizados dos meios de produção e que não contam com as ferramentas de articulação.

Unir o disperso: Para reverter a dispersão e fragmentação de nosso povo em busca de formas de articular as forças da classe. Esta articulação deve responder a reversão da fragmentação e dispersão, desenvolvendo uma dimensão territorial na construção de poder popular. A territorialidade se apresenta então como um novo conceito político para articular o poder da classe, já que no território estão todos os setores do movimento popular, mas que não invalida as lutas setoriais por reivindicações históricas. Unificar as lutas deve ser um objetivo permanente.

Dar a luta ideológica: Para criar subjetividade de classe, ou seja, nos reconhecer como classe oprimida. Vemos a importância da formação como uma maneira de construir coletivamente e de modo consciente desde baixo. Criar a subjetividade do povo é necessário para superar as atuais estruturas de pensamento restabelecendo os valores antagônicos ao estabelecido.

Reconstruir os laços sociais: Recobrando os valores de solidariedade para romper com o individualismo e a decomposição social, construindo esperança em mudar, que não tem que ver com esperar senão com o que se pode.

Fazer continental a luta: Apontar a aliança entre os povos e ao reconhecimento dos povos originários como parte da construção de um projeto regional sobre a base do princípio internacionalista, desde um antimperialismo com perspectiva socialista integrado a luta de classes.

Reconstruir a memória histórica: Dando respostas ao problema da impunidade e recobrando as lutas históricas e os caídos de nosso povo.

Responder contra a criminalização das lutas: Ao instalar-se e avançar a política de criminalização do protesto e judicialização das lutas, relacionando todos os casos e denunciando como parte de uma política que avança no continente.

(Texto: V ELAOPA, Chile 2007)