sábado, 30 de junho de 2012

[Greve das federais] Manifesto à população

Abaixo reproduzimos o manifesto assinado pelas entidades da educação federal.

MANIFESTO À POPULAÇÃO

A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade expressa uma exigência da população brasileira, que há tempos clama por serviços públicos de qualidade e é também parte essencial da história dos movimentos sociais ligados à educação. Vale lembrar que educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, são direitos de todos e dever do Estado.

Nas últimas semanas, professores, técnico-administrativos e estudantes das Instituições Federais de Ensino voltaram às ruas para cobrar dos governantes que cumpram seu papel e dediquem atenção, de fato, às reais demandas sociais.

Os trabalhadores da educação federal e estudantes estão em greve, porque estão conscientes de que é imprescindível lutar em defesa das Instituições Federais de Ensino. As negociações com o governo não avançam. No entanto, crescem a degradação das condições de trabalho, ensino e a deterioração da infraestrutura oferecida nas universidades, institutos e centros tecnológicos federais.

Os professores, técnicos e estudantes defendem sim uma expansão, desde que exista qualidade. Não adianta criar novas instituições sem oferecer as condições satisfatórias para que elas funcionem. A realidade vivenciada pelos professores, técnicos e estudantes é muito diferente do que divulga a propaganda oficial do governo federal. A cada começo de ano fica mais evidente a precariedade de várias instituições federais de ensino, principalmente naquelas em que ocorreu a expansão via Reuni.

Faltam salas de aula, laboratórios, restaurantes estudantis, bibliotecas, banheiros, saneamento básico e em alguns lugares até papel higiênico. Ninguém deveria ser submetido a trabalhar, a ensinar e aprender num ambiente assim.

 Além disso, é necessário também oferecer um plano de carreira, que valorize os professores e técnicos e os incentivem a dedicar suas vidas a essas instituições, à construção do conhecimento, aos projetos de pesquisa e de extensão. Só assim, é possível oferecer educação com a qualidade que a população brasileira merece.

 No entanto, o governo federal vira as costas para os argumentos e propostas dos servidores públicos e usa seguidamente o discurso da crise financeira internacional como justificativa para não atender às reivindicações que são apresentadas pelos movimentos sociais em defesa da educação.

 Não faltam recursos, o que falta é vontade política dos governantes. A verdadeira crise brasileira não é a crise financeira, mas sim ausência de políticas públicas que atendam as necessidades da população.

Priorizar a destinação dos recursos públicos na lógica do setor empresarial financeirizado, como o governo tem feito, causa impactos cada vez mais negativos nos serviços públicos.

Os professores, técnicos e estudantes estão nas ruas para dar um novo rumo ao ensino federal e, para isso, conclamam toda a população a fazer de 2012 um marco na história da educação brasileira.

ENTIDADES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO FEDERAL
ANDES-SN/ FASUBRA/ SINASEFE

sábado, 23 de junho de 2012

Nota da Resistência Popular de Alagoas sobre a Marcha das Vadias

Vimos por meio desta esclarecer a retirada da Resistência Popular de Alagoas (RP-AL) da “Marcha das Vadias”, que aconteceu no dia 17 de junho de 2012, na orla de Maceió-AL.

Temos compreensão da importância da Marcha das Vadias como um tipo de mobilização em nosso estado. Os números de casos de violência contra a mulher são alarmantes e, atrelado a isso, toda a construção histórica de nossa sociedade é embasada no machismo, autoritarismo e dominação da mulher pelo homem. Vemos o quanto essas questões são enraizadas na sociedade alagoana.
Nós, enquanto organização popular que acredita na união do povo contra todos os tipos de opressão, almejando a construção do Poder Popular, vislumbramos na Marcha uma possibilidade de concretizar lutas, ao propor unir mulheres que sofrem cotidianamente uma castração de sua liberdade e autonomia, além de agregar simpatizantes à causa. Ainda mais, essa luta se torna obrigatória para nós, pela própria vinculação do coletivo “Mulheres Resistem” ao nosso movimento.
Usando uma linguagem incomum aos tradicionais movimentos sociais, a marcha tem levantado o debate acerca da liberdade da mulher sobre seu próprio corpo. E, por mais que a Marcha das Vadias não tenham um alcance em todos os setores do povo, representa um importante movimento que esperamos que cresça e venha a colaborar com a movimentação de diversas companheiras e companheiros que ainda debatem  incansavelmente temas como a legalização do aborto, o fim da violência contra a mulher e demais temáticas pertinentes à libertação humana, como o tem feito.
Um movimento singular que se diferencia de outras manifestações do movimento sindical e estudantil, por exemplo. Uma organização de certo modo espontânea e autônoma que utiliza de recursos de nosso tempo, como as redes sociais da internet.  Esse era o clima que esperávamos encontrar na orla de Maceió e de fato encontramos. Respeitar espaços como esses não é negar as velhas formas que costumamos fazer movimento. Elas permanecerão, embora esperemos que se atualizem ao seu tempo. É preciso, no entanto, entender a singularidade do processo.
Esclarecemos ainda, antes de mais nada, que não somos uma organização política, embora como tendência social temos nossa bandeira e utilizamos em espaços públicos. Sendo assim, medimos cada espaço que vamos levar nossas bandeiras e outras simbologias, e sempre que temos a intenção de mantermos sintonia com a proposta do que o coletivo que organiza determinado movimento se propõe. 
Embora não diretamente, dando conta de uma programação intensa e inadiável nas nossas frentes de militância, acompanhávamos a organização do ato e sabíamos da polêmica sobre a utilização ou não de bandeiras de organização política no ato, principalmente capitaneada pelo PSTU. Sendo assim, soubemos que foi decidido a utilização de bandeiras. A via é pública e sabemos que é muito difícil ter controle sobre isso, mas as diversas organizações poderiam se manifestar com panfletos ou outros instrumentos que só iriam enriquecer a proposta sem colocar a sua simbologia acima da proposta do ato. No entanto não foi isso que ocorreu.
Antes de chegar no ato qualquer um podia ver de longe duas bandeiras do PSTU que se destacava do restante da manifestação  e contrastava com todo o resto da proposta do que ali via-se colocado. Para nós, uma forma de partidarizar um movimento, dando margem à leitura de que o movimento estava ligado a partidos específicos, quando a verdade era totalmente o contrário. Interpretamos com isso, que o interesse do PSTU se colocava acima da luta que a Marcha da Vadia se propunha, pondo o partido acima do movimento e não respeitando diversos outros militantes que demonstraram no início da organização do ato, durante e até mesmo no próprio dia da marcha, um grande incômodo com a situação.
Não seguimos a manifestação para não compactuar com essa atitude, mas não condenamos outras organizações e individualidades que não tenham feito isso.  Nós, da RP, tivemos um posicionamento claro em relação ao uso de bandeiras e, principalmente, quando essas bandeiras foram utilizadas por um único partido político. A proposta de levantar todos os debates acima descritos foi mantida, embora com um certo prejuízo pela atitude do PSTU. 

Esperamos colaborar para que a proposta original do movimento seja mantida e estaremos juntos em outras oportunidades, mas sempre defendendo esta proposta. Acreditamos que organizações políticas, tendências e outros agrupamentos servem para impulsionar a luta, e por isso deve estar inseridos nos movimentos e não buscando controlá-los a seu favor.