terça-feira, 27 de julho de 2010

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Luto e solidariedade

LUTO E SOLIDARIEDADE – ALAGOAS SOFRE COM CHUVAS E PODER DAS ELITES

Alagoas está de luto pela tragédia que deixou vários mortos e milhares de desabrigados. As chuvas castigaram várias cidades alagoanas e deixou um sentimento de profunda tristeza e desesperança de um povo que já carrega o fardo de uma vida difícil.

Rios como o Mundaú, que nasce em Pernambuco e corta Alagoas encontrando-se com a nossa lagoa de mesmo nome, transbordaram derrubando casas e o sacrifício de uma vida inteira. Quebrangulo, Branquinha, União dos Palmares, Murici e Rio Largo foram algumas das cidades atingidas pelas cheias. Mas a culpa não é da natureza. Catástrofes naturais existem, mas a que vimos só causou tantos danos em razão da realidade social de Alagoas. E sua causa é o completo descaso e corrupção de governantes e dos mesquinhos interesses de oligarquias.

Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, Alagoas não recebeu absolutamente nenhuma verba federal das que são destinadas para prevenção de enchentes. Mas mesmo assim, o que normalmente se assiste é que mesmo quando as verbas federais ou estaduais "chegam" não se vê o resultado. O "olho gordo" de governantes não permitem a aplicação desse dinheiro público, que some para aparecer em suas contas bancárias.

Sabe-se também que as prefeituras alagoanas são verdadeiras máfias, meio fácil de enriquecimento. Prefeitos que ostentam casas, carros e terras em meio a uma realidade de brutal pobreza, onde falta educação, saúde e o mínimo de estrutura nas cidades e comunidades.

Mas aquilo que chega a ser aplicado para "benefício" da população não resolve, mesmo porque tratam os problemas e urgências do povo sem de fato querer resolvê-los. O que interessa é apenas criar o “fato” que possa ser aproveitado para vencer eleições.

E o problema das cheias é maior que um rio que enche por causa de chuvas fortes. A situação de pobreza das cidades e sua população é também de longa data e tem a ver com o poderio econômico e político de oligarquias que mandam e desmandam. As cheias são o resultado do desmatamento de usineiros e fazendeiros e de todas as mudanças ambientais, como no curso dos rios, feitas desordenadamente e para beneficiar o enriquecimento de poucos.

A solidariedade e a força do povo

Tragédias como essa sempre trazem manifestações espontâneas de solidariedade. Outras nem tanto, pois são por puro oportunismo. Mas vários tomam a iniciativa e se colocam a disposição com sinceridade. Muitas vezes, mesmo sem ter muito a "oferecer" quanto à doação de donativos, as pessoas "tiram de onde não tem".

Mas indo além do ato de doar um saco de feijão, um lençol ou uma fralda, coisas muito importantes e que devem ser feitas para atender uma situação de extrema urgência, levantamos a importância da solidariedade ultrapassar o sentimento de "caridade" e se transformar em força coletiva. Ou seja, que a solidariedade se transforme em uma atitude que reforça os laços coletivos do povo para lutar e conquistar direitos e para que, passada as enchentes, não fique a seca de trabalho, terra, educação, moradia, saúde e tantas outras que fazem parte do cotidiano do alagoano.

Texto: Quilombola, Nº5- Trimestre Abril/Maio/Junho