Vimos por meio desta
esclarecer a retirada da Resistência Popular de Alagoas (RP-AL) da “Marcha das
Vadias”, que aconteceu no dia 17 de junho de 2012, na orla de Maceió-AL.
Temos
compreensão da importância da Marcha das Vadias como um tipo de mobilização em
nosso estado. Os números de casos de violência contra a mulher são alarmantes
e, atrelado a isso, toda a construção histórica de nossa sociedade é embasada
no machismo, autoritarismo e dominação da mulher pelo homem. Vemos o quanto essas
questões são enraizadas na sociedade alagoana.
Nós,
enquanto organização popular que acredita na união do povo contra todos os
tipos de opressão, almejando a construção do Poder Popular, vislumbramos na
Marcha uma possibilidade de concretizar lutas, ao propor unir mulheres que
sofrem cotidianamente uma castração de sua liberdade e autonomia, além de
agregar simpatizantes à causa. Ainda mais, essa luta se torna obrigatória para
nós, pela própria vinculação do coletivo “Mulheres Resistem” ao nosso movimento.
Usando
uma linguagem incomum aos tradicionais movimentos sociais, a marcha tem
levantado o debate acerca da liberdade da mulher sobre seu próprio corpo. E,
por mais que a Marcha das Vadias não tenham um alcance em todos os setores do
povo, representa um importante movimento que esperamos que cresça e venha a
colaborar com a movimentação de diversas companheiras e companheiros que ainda
debatem incansavelmente temas como a
legalização do aborto, o fim da violência contra a mulher e demais temáticas
pertinentes à libertação humana, como o tem feito.
Um
movimento singular que se diferencia de outras manifestações do movimento
sindical e estudantil, por exemplo. Uma organização de certo modo espontânea e
autônoma que utiliza de recursos de nosso tempo, como as redes sociais da
internet. Esse era o clima que
esperávamos encontrar na orla de Maceió e de fato encontramos. Respeitar
espaços como esses não é negar as velhas formas que costumamos fazer movimento.
Elas permanecerão, embora esperemos que se atualizem ao seu tempo. É preciso,
no entanto, entender a singularidade do processo.
Esclarecemos
ainda, antes de mais nada, que não somos uma organização política, embora como
tendência social temos nossa bandeira e utilizamos em espaços públicos. Sendo
assim, medimos cada espaço que vamos levar nossas bandeiras e outras
simbologias, e sempre que temos a intenção de mantermos sintonia com a proposta
do que o coletivo que organiza determinado movimento se propõe.
Embora
não diretamente, dando conta de uma programação intensa e inadiável nas nossas
frentes de militância, acompanhávamos a organização do ato e sabíamos da
polêmica sobre a utilização ou não de bandeiras de organização política no ato,
principalmente capitaneada pelo PSTU. Sendo assim, soubemos que foi decidido a
utilização de bandeiras. A via é pública e sabemos que é muito difícil ter
controle sobre isso, mas as diversas organizações poderiam se manifestar com
panfletos ou outros instrumentos que só iriam enriquecer a proposta sem colocar
a sua simbologia acima da proposta do ato. No entanto não foi isso que ocorreu.
Antes de chegar no ato qualquer um podia ver
de longe duas bandeiras do PSTU que se destacava do restante da
manifestação e contrastava com todo o
resto da proposta do que ali via-se colocado. Para nós, uma forma de
partidarizar um movimento, dando margem à leitura de que o movimento estava
ligado a partidos específicos, quando a verdade era totalmente o contrário.
Interpretamos com isso, que o interesse do PSTU se colocava acima da luta que a
Marcha da Vadia se propunha, pondo o partido acima do movimento e não
respeitando diversos outros militantes que demonstraram no início da
organização do ato, durante e até mesmo no próprio dia da marcha, um grande
incômodo com a situação.
Não
seguimos a manifestação para não compactuar com essa atitude, mas não
condenamos outras organizações e individualidades que não tenham feito
isso. Nós, da RP, tivemos um
posicionamento claro em relação ao uso de bandeiras e, principalmente, quando
essas bandeiras foram utilizadas por um único partido político. A proposta de
levantar todos os debates acima descritos foi mantida, embora com um certo
prejuízo pela atitude do PSTU.
Esperamos colaborar para que a proposta original do movimento seja mantida e estaremos juntos em outras oportunidades, mas sempre defendendo esta proposta. Acreditamos que organizações políticas, tendências e outros agrupamentos servem para impulsionar a luta, e por isso deve estar inseridos nos movimentos e não buscando controlá-los a seu favor.
Esperamos colaborar para que a proposta original do movimento seja mantida e estaremos juntos em outras oportunidades, mas sempre defendendo esta proposta. Acreditamos que organizações políticas, tendências e outros agrupamentos servem para impulsionar a luta, e por isso deve estar inseridos nos movimentos e não buscando controlá-los a seu favor.
2 comentários:
gostaria de saber o que vocês são, se não são uma "organização política". gostaria de saber também o que vocês entendem por "política" ou "ciências políticas". desde já agradecido.
Companheiro(a),
a Resistência Popular é uma organização ou agrupamento de tendência.
Você nós vê como um partido político? Se não, talvez isso já respondesse o porquê de não sermos uma organização política. Não somos uma organização política (tal como é um partido, por exemplo) em razão de que esta exige um grau maior de acordos, critérios e disciplina (isso tomando como referência organizações políticas com intenções revolucionárias e não eleitorais). Em geral, as organizações políticas possuem também uma definção mais clara em termos teóricos e ideológicos. A tendência não se propõe a isso, não é tão fechada quanto uma organização política. Porém, não é também tão aberta como um movimento social.
Uma tendência agrupa companheiros e companheiras com base em acordos e metodologias de trabalho militante básicos para atuar nos movimentos e lutas sociais. Diria que agrupamento de tendência é o que mais existe em movimentos estudantis e sindicais, uns mais na base de acordos tácitos outros mais firmados.
Acredito que assimfica claro também que não se definir como uma organização política não quer dizer que o que fazemos não seja uma prática política, se é esta a dúvida.
Espero ter ajudado.
Abraço,
Lucas F - RP Sindical
Postar um comentário