Manifestantes
em POA/RS estão sendo acusados por "dano ao patrimônio público", por
causa da manifestação e das ações com o mascote da Copa do Mundo!!! A pergunta
que em negrito é destacada em minha mente - e que exponho aqui num somatório de
angústia, revolta e solidariedade de classe - é:
"Por
que o descaso com o patrimônio público por parte de governantes não é
criminalizado?"
Imagem: #NãoMeCalarei/Facebook |
Não
é novidade vermos notícias sobre desvio de verba de merenda; falta de aulas por
não ter professores; escolas públicas onde as aulas são suspensas porque o teto
está ameaçando desabar (ou já desabou); ou escolas que têm o ano letivo
bastante atrasado porque serão reformadas em caráter de urgência [logo próximo
às eleições, é estranho, não?!?!]; aulas ministradas dentro de containers; noites
“em claro” na porta de postos de saúde para conseguir uma ficha para ser
atendido; filas e mais filas nos corredores de hospitais; os trabalhadores do
SUS tendo que “fazer milagre” para manterem os hospitais e atendimentos mesmo
em condições de enorme precariedade etc. Será que esses exemplos – apenas
alguns entre uma infinidade deles – não servem para serem caracterizados como
“dano ao patrimônio público”?
E
quando achamos que, enfim, veremos justiça... O que assistimos é aquele teatro
cômico e dramático no Supremo, com destaque para a atuação [coerente com nossa
(in)justiça] do Sr. Lewandowski e seus pares. No julgamento do mensalão.
Isso
leva a crer que, crime é para aqueles que se rebelam contra “a normalidade do
capitalismo”, apenas e ponto. A Copa do Mundo nos vai servir para que? Torcer
pela nossa seleção [que, inclusive, do jeito que está, corre o sério risco de
não passar da primeira fase] e nos embebedarmos com o bombardeio midiático que
vende a imagem de um povo feliz, receptivo, que vive em um paraíso tropical
onde não há problemas – e se há, podem ser resolvidos depois da Copa? Seja na África
do Sul, seja no Brasil ou onde for, esses mega empreendimentos são
interessantes apenas para aqueles que se beneficiam deles e, com certeza, não é
o povo pobre. Os trabalhadores que estão construindo (ou reconstruindo) os
estádios, só poderão assistir aos jogos se “ganharem os ingressos” ou se for
pela televisão mesmo.
Fora
daquela imagem preocupada em fazer um belo espetáculo para gringo ver, o que
têm acontecido é o despejo de diversas famílias em todas – ou praticamente
todas - as cidades os serão realizados os jogos desse megaevento. Como é o caso
de Fortaleza, onde a Comunidade do Trilho e outras, estão travando uma intensa
luta não apenas pelas suas casas mas, por suas memórias, por suas dignidades -
que, por mais feridas que estejam, não deixam de fortalecer a luta e a
resistência não apenas por lá.
Portanto,
o que aconteceu em POA/RS não é um ato isolado, não é um ato sem necessidade,
sem nexo, descontextualizado, aventureiro ou qualquer outro adjetivo que a
grande mídia possa utilizar. Ao contrário disso, é um ato que encontra respaldo
em todos aqueles que estão sofrendo diretamente com esse megaevento ou aqueles
que compreendem que, como já dito, não é algo para as classes oprimidas, mesmo
as contas sendo pagas por elas, o que diz respeito às verbas públicas
utilizadas.
A manifestação terminou em uma "batalha campal" no centro de Porto Alegre e muitos manifestantes foram feridos. Imagem: Ramiro Furquim/Sul21 |
Para
finalizar, um apelo criativo, exposto em diversos atos pelo Brasil: “Presidenta
Dilma, finge que eu sou a Copa do Mundo e investe em mim. Ass.: Educação
Pública”.
Por: um
nordestino da Terra de Palmares