X Encontro Latino Americano de
Organizações Populares Autônomas – ELAOPA
Construir o Poder Popular para a
integração dos que lutam!
Completamos
10 anos desde a primeira edição do ELAOPA em 2003, e seguimos por nossa América
Latina orientados pelos princípios fundamentais que nos constituem.
Nos
definimos como organizações sociais orientadas pela luta de classes, pela
identidade como povos originais deste continente, e por princípios como
trabalho de base, democracia direta, solidariedade entre os de baixo, luta
popular e autonomia dos oprimidos.
Mantemos
a nossa independência frente a partidos políticos, ao Estado e a seus governos,
ONGs, empresas, e a todos aqueles que vêm nos dizer o que temos que fazer, com
estruturas autoritárias e distantes de nossa realidade. Reivindicamos a
autonomia porque é uma ferramenta para realizar nossos sonhos.
Fazemos
as ações políticas a partir de nossas organizações sociais, com a participação
de todas e todos para criar um poder nosso, um Poder Popular.
Desde
o primeiro encontro nos propusemos a juntar nossas mãos e forças para mudar a
realidade injusta e brutal de mais de 500 anos de opressão em nosso continente.
Nessa América Latina que, no final do século XX, foi alvo das políticas
neoliberais e do programa aplicado pelo Consenso de Washington promotor do
livre comércio, das privatizações, da desregulamentação da economia, de
reformas impositivas, e da redução de gastos públicos. Nesse contexto a ameaça
vinha sob a sigla ALCA, mas ao mesmo tempo eram diversas as lutas de resistência
que impuseram derrotas parciais através da ação direta popular, o que derrubou
governos, reverteu privatizações e colocou em xeque golpes de Estado. Foi desde
então que o ELAOPA tem servido como um espaço de acúmulo de experiências
organizativas diversas, fortalecendo os campos de atuação no meio popular,
sindical, estudantil, comunitário, ambiental, campesino, etc.
Levando
em consideração a realidade latino-americana, é reconhecido que nessa última
década tivemos algumas mudanças. No entanto, também devemos criticamente
pontuar que essas mudanças têm encontrado limitações. Sabemos que existem
diferenças importantes entre os governos neoliberais do passado e os atuais,
intitulados de progressistas. Porém, ao mesmo tempo, existem semelhanças estruturais
entre esses governos que se apresentam como limites para os sonhos de uma
verdadeira emancipação da nossa gente.
Vivemos
hoje uma tentativa de aliança entre os de cima e os de baixo, através das
políticas de conciliação de classes desses governos progressistas. Seguimos em
nossas realidades com um modelo capitalista extrativista como os principais
países exportadores nos setores agro-mineral, e estamos entre aqueles
comprometidos com as principais multinacionais energéticas e de mineração do
mundo. São essas concessões às multinacionais extrativistas que, aliadas às
classes dirigentes locais, garantem certa estabilidade ao financiarem os
crescentes gastos sociais que permitem a reeleição desses governos.
Estão
em curso programas contra a pobreza e tem se registrado algum êxito na redução
da miséria, mas isso tem sido consequência do crescimento econômico e não é
feito através da redistribuição da riqueza.
Na
região, os governos têm financiado projetos de infraestrutura em grande escala
para vincular os setores agro-mineral aos mercados exportadores, devastando o
meio ambiente sob a justificativa do desenvolvimento produtivo. Ao mesmo tempo,
os projetos de integração na América do Sul evocam nos discursos desses
governos a epopeia dos mártires que resistiram ao imperialismo colonial em
busca da independência. Dessa maneira, tentam blindar os interesses das
transnacionais através da Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional
Sulamericana (IIRSA) com citações de Simon Bolívar, José Martí e Artigas.
Por
isso afirmamos que, para a emancipação dos oprimidos latinoamericanos, o
caminho segue sendo o da luta popular. A cooptação e o clientelismo são
tentativas eficazes que o sistema utiliza para nos fragmentar, mas não são
capazes de sufocar a resistência. Seguimos firmes nas tarefas, organizando-nos,
lutando e resistindo na escala local, denunciando os projetos da IIRSA e
fazendo o contraponto político e ideológico aos mecanismos de controle do
sistema nesses cinco séculos de dominação em nosso continente. Vamos semeando a
solidariedade, construindo o Poder Popular com independência de classe e
promovendo a ação direta contra as injustiças. Pela integração dos que lutam!
X ELAOPA – 25, 26 e 27 de Janeiro de 2013
Rio Grande do Sul/Brasil
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